Home / CÃES / Casos Clínicos / PERIGO na Páscoa: CHOCOLATE Pode Intoxicar Seu Cão…

Nenhuma época do ano é tão perigosa para os cães quanto a Páscoa. O chocolate é a paixão de muita gente e também pode ser o objeto de desejo de muitos cães.

O que eles não sabem e muita gente também não, é que o chocolate é altamente tóxico para os cães, podendo inclusive matá-los.

Nessa época do ano, a presença de um chocolate esquecido sobre a mesa ou mesmo alguns pedaços oferecidos ingenuamente aos cães podem intoxicá-los. O chocolate é altamente palatável e muito atraente aos cães, porem alguns de seus componentes como a metilxantina (teobromina e cafeína) podem intoxicá-los. Além disso os seus componentes lipídicos podem causar diarreia e vômitos mesmo se quantidade de teobromina for pequena.

A quantidade de teobromina varia de acordo com o tipo de chocolate. Quanto mais gordura possuir, menor será o teor de teobromina, como por exemplo, os chocolates brancos, que não oferecem tanto risco de intoxicação para os cães.

Quanto mais escuro, “puro e concentrado”, for o chocolate, mais teobromina possui e consequentemente maior o risco de intoxicação. Assim sendo, o chocolate amargo, utilizado em confeitarias para fazer doces é o que oferece maior risco de intoxicação, pois possui em torno de 1,35% de teobromina. No chocolate branco esse teor gira em torno de 0,005%.

A dose tóxica de teobromina para cães é em torno de 100-150 mg por kg de peso e a dose letal situa-se entre 250-500 mg por kg de peso.

Para se ter uma ideia da quantidade de teobromina nos diferentes chocolates veja abaixo:

– Semente de cacau: 300 a 1500 mg de teobromina em cada 30 gramas.

– Chocolate liquido bruto (industrial): 390 a 450 mg em cada 30 gramas.-

– Chocolate escuro (amargo) : 135 mg em cada 30 gramas.

– Chocolate ao leite: 44 a 66 mg em cada30 gramas.

– Chocolate branco: 0,25 mg em cada 30 gramas.

– Chocolate de confeiteiro em pó: 400 a 737 mg em cada 30 gramas.

Como a quantidade de teobromina varia de acordo com o tipo de chocolate, a intoxicação vai depender da quantidade ingerida. A grande maioria dos chocolates da páscoa são chocolates ao leite (30%) e mesmo chocolate branco e assim a quantidade de chocolate para causar uma intoxicação pode ser muito grande para cães maiores.

O perigo acaba sendo os cães menores ou quando da presença de chocolate escuro ( 60 a 80%). Quando a quantidade de teobromina for baixa, o perigo acaba sendo as gorduras que levará certamente a um quadro de vômito e diarréia.

Veja abaixo a quantidade necessária dos diferentes chocolates para causar intoxicação nos diferentes pesos dos animais.

 

PESO DO CÃO 100 gr DE CHOCOLATE BRANCO (0,8 MG DE TEOBROMINA) 100 gr DE CHOCOLATE AO LEITE (200 MG DE TEOBROMINA) 100 gr DE CHOCOLATE ESCURO (450 MG DE TEOBROMINA)
2,0 KG 25 KG 100 gr 44 gr
5,0 KG 62,5 KG 250 gr 111 gr
10 KG 125 KG 500 gr 222 gr
15 KG 187,5 KG 750 gr 333 gr
30 KG 375 KG 1500 gr 666 gr

A metabolização das metilxantinas no cão encontra algumas particularidades que tornam a sua ingestão altamente perigosa. Sendo um componente altamente lipossolúvel, vai atravessar as barreiras placentárias e hematoencefálica facilmente, sendo absorvida em boa parte do trato digestivo, principalmente estomago e intestino. Uma vez absorvido e distribuído no organismo, no sistema nervoso, levando á excitação. A cafeína estimula diretamente o miocárdio (músculo cardíaco) e o sistema nervoso central, potencializando a excitação causada pela teobromina.

Outra particularidade da teobromina é a sua meia vida, ou seja, o tempo que fica agindo no sangue do animal. No cão a meia vida da teobromina é de 17 horas, podendo ficar no organismo por até 6 dias, pois sua eliminação não acontece pelos rins, somente por via hepática.

Em grandes quantidades no organismo do cão, a teobromina vai causar, excitação, hipertensão moderada, bradicardia ou taquicardia, arritmias (contrações ventriculares prematuras), tremores, ofegância, e incontinência urinária. Já a cafeína vai levar a taquicardia, taquipneia, hiperexcitabilidade, tremores e por vezes convulsões.

Os sinais clínicos são: vômito, diarréia, polidipsia e poliúria (bebe mais água e urina mais), náuseas e arritmias cardíacas. Podem apresentar incontinência urinária, hipertermia (aumento da temperatura corpórea) e em casos mais graves coma e morte. Hemorragia intestinal pode ocorrer em alguns casos normalmente entre 12 e 24 horas após a ingestão.

O tamanho do cão também influencia na intoxicação: geralmente a intoxicação é mais comum em animais de pequeno porte, pois há maior quantidade de chocolate disponível em relação ao seu peso corporal. É mais comum também em animais mais jovens e filhotes, pois sua curiosidade natural faz com que ingiram grandes quantidades de alimentos estranhos. As quantidades tóxicas não necessariamente precisam ser ingeridas de uma única vez, já que a teobromina pode permanecer no organismo por até seis dias. Em consequência disso, doses repetidas em dias sucessivos também podem levar à intoxicação.

Infelizmente não existe antídoto para a intoxicação com teobrominas e então o tratamento deve ser de suporte para os sintomas apresentados. Trata-se de uma emergência médica e a intervenção do Médico Veterinário se faz necessária e na maioria dos casos a internação é recomendada. Se a ingestão for recente (até 3 horas) a indução ao vômito deve ser instituída.

Como o chocolate por sua constituição gordurosa, tende a ficar “grudado” na mucosa gástrica, a lavagem gástrica pode ser feita, principalmente se a indução ao vomito não for satisfatória ou se já fizer mais tempo de ingestão. Deve receber soro na vei para reidratar e fazer a correção de eletrólitos. As convulsões e arritmias devem ser monitoradas e o uso de carvão ativado pode diminuir a absorção das teobrominas, diminuindo a sua meia vida.

Caso a ingestão seja de chocolate branco ou um chocolate com baixa concentração de teobromina o que pode ocorrer é somente um quadro gastroentérico (vômito e diarréia) devido a presença de lipídios e nesse caso os sintomas serão mais discretos e o prognóstico poderá ser bom, com uma rápida recuperação do animal, depois do tratamento sintomático.

 

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